quinta-feira, 4 de agosto de 2016

Uma da manhã, hey! Bem bom, duas da manhã!

Imaginem o seguinte cenário:

Conhecida capital europeia: avião a aterrar... 

Solteiro regressa a casa de mais uma das suas muitas viagens de avião. Solteiro está cansado pois foi uma semana longa e pensa para com os seus botões: "finalmente uma noite em que consigo dormir mais de 4 horas!".

Solteiro vê um pouco de televisão. Pouco depois decide ir despejar o lixo.

1:00 da manhã:
Estão cerca de 35 graus. Solteiro dirige-se à varanda em boxers para ir buscar o caixote do lixo.

Uma traça ameaça entrar dentro de casa. Num gesto irreflectido (reconheço que um misto de medo e desespero) solteiro fecha a porta da varanda para impedir que tão aterrador animal entrasse. 

Frio no estômago: Solteiro acabou de se fechar do lado de fora da varanda, em boxers, sem telemóvel, nada de nada - nem hipótese de abrir a porta do lado de fora. A traça repousa no interior de casa (tentativa furada) e tenho a certeza de que olhava jocosamente para mim - acho que até filmou com o seu pequeno telemóvel e postou o vídeo nas redes sociais dos insectos.

1:30 da manhã:
Solteiro tenta a todo o custo forçar a porta. Tal revela-se impossível. Solteiro vive num terceiro andar de um condomínio privado de luxo na referida capital.

Solteiro não tem como pedir ajuda. Nem vivalma nas janelas adjacentes.

Solteiro tenta chamar a atenção do segurança. Sem nenhuma ferramenta ou objecto que fizesse barulho - e consciente do ridículo que pareceria um badocha em boxers aos gritos da varanda à 1:30 da manhã - solteiro tem uma ideia brilhante: atirar um vaso do terceiro andar cá para baixo! Alguém deve ouvir...

3, 2, 1... PUM! Vaso cai com estrondo tremendo. Segurança do condomínio vem a correr.

- "Fred boa noite! Desculpa mas fiquei fechado do lado de fora da varanda. Podes por favor subir com a tua chave e abrir-me a porta?"
Depois de uns minutos agarrado ao coração tentando recompor-se do susto (isto agora dos atentados só nos fode mesmo... anda tudo acagaçado) Fred assente em subir e proceder ao tão esperado resgate.

Volvidos 15 minutos, Fred grita desde lá de baixo:

- "Solteiro, desculpa! Tens a tua chave metida por dentro? É que não consigo abrir a porta..."
- "Eh pah... acho que sim! E agora?"
- "Vou ligar para as urgências... não saias daí"

A sério?!?















- "Solteiro, dizem que não é uma emergência. Terei que chamar um serralheiro mas vai custar uma fortuna. Que queres que faça?"
- "Fred, não tenho alternativa... chama lá o serralheiro."

2:30 da manhã:
- "Vêm a caminho... aguenta aí"

A sério???!?! round 2...














3 da manhã:
Serralheiro chega finalmente. Serralheiro avisa-me que por ter deixado a chave dentro da porta terá que rebentar com o canhão. Sairá caro. Pergunta-me se pode avançar.

Solteiro responde que sim, com paciência divina. Já é a 3ª vez que lhe perguntam o obvio.

Solteiro sentado no chão da varanda aguardando pacientemente o já almejado resgate.

Porta de alta segurança... bum! zzzz! trrrr! pum, pum pum! barulhos altos demais para estas horas da manhã. Por esta altura já 5 ou 6 vizinhos se tinham sentado nas suas varandas a olhar para ele. Solteiro continua na varanda sentadinho rezando para que ou dê um ataque de surdez a toda a gente do prédio ou a merda do homem se despache.

4:30 da manhã: 
Solteiro é resgatado pelo segurança do prédio e pelo serralheiro. Imagem que ficou na cabeça deles: um badocha em cuecas todo transpirado (afinal as noites aqui são quentes) encostado à máquina de lavar roupa aguardando pacientemente que lhe abram a porta.

Solteiro recolhe aos seus aposentos. Vizinhança aplaude!!!










5:00 da manhã: 
Solteiro vai para a cama frustrado pois daqui por 2 horas tem de se levantar para apanhar outro voo.
Segurança desce para o seu posto - não faço ideia o que lhe passaria pela cabeça mas que gozou o prato, gozou.
Serralheiro regressa a casa com a imagem de um badocha em cuecas impressa na sua retina, mas com um sorriso nos lábios pois vai €900 mais rico!!!

Moral da história: 
Ainda hoje não sei da traça.
Para a próxima, nem que seja uma ratazana, deixo-a entrar...

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