segunda-feira, 17 de outubro de 2016

Mão alheia...

A propósito do episódio relatado pela querida SCI, recordo um semelhante que aconteceu há anos, era Solteiro um proeminente e já na altura promissor empregado numa multinacional Alemã.

Cenário: edifício de escritórios na EXPO.



Solteiro acaba de almoçar. Deleitado, dirige-se ao WC comum ao departamento para "por a leitura em dia".

Entro no WC. Colegas do departamento financeiro a escovar os dentes.
Tradicional saudação "para o ar":

- Boa tarde...
- Boa tarde Solteiro!

Entro no meu cubículo. Jornal "A bola" debaixo do braço.
Sabem aqueles cubículos que dão imensa privacidade? Era precisamente isso que eu não tinha ali.
Chego ao WC, sento-me.

Oiço uma voz no cubículo do lado:
- Solteiro? És tu?

O meu chefe tinha-me visto através da frecha inferior, pelo espelhado do chão (raisparta a empregada da limpeza!) e estava aflito...

Eu, quase em surdina:
- Eeer... sim?!?

Chefe aos gritos do outro cubículo:
- ÉS TU OU NÃO? TENS PASTILHAS?
ORIENTA-ME LÁ UMA QUE TOU COM OS OUVIDOS TAPADOS DE FAZER FORÇA! NÃO OIÇO NADA...

Neste momento sonhei ser uma personagem do Harry Potter para me poder descarregar dali para fora.



Uma mão assustadoramente peluda emerge junto ao chão:
-VÁ PÁ! ORIENTA LÁ UMA PASTILHA.

Ainda a tremer do susto e da vergonha, remexi no bolso e lá encontrei uma Trident. Como não lhe queria tocar nas mãos (imagem mental de Solteiro e seu chefe de mãos dadas no WC), atirei a pastilha.

Má ideia... Ele não a apanhou e andou a esgravatar por ali à procura dela.
Eu, num acto de misericórdia, tive de a chutar com o pé para junto dele.

Pessoal que estava do lado de fora a rir sem qualquer pudor.
Solteiro sai com uma lágrima no canto do olho.

Cheguei ao meu gabinete, um sortido com pelo menos umas 20 pastilhas elásticas esperavam na minha secretária, junto com um rolo de papel higiénico.






Feliz segunda-feira!

Na mesma sala:
Dir. de Marketing
Dir. Financeiro
Dir. Produção
Dir. Recursos Humanos
Dir. IT
Dir. Geral (chefe de Solteiro)
Assistente executiva
Resp. Logística
Dir. Fabril (cliente)
Dir. Produto (cliente)
Dir. Marketing de Produto (Cliente)

Solteiro chega às 09:45. Lindo, cheiroso e maravilhoso, pronto para conquistar o mundo.

Na sua cabeça vão clichés como: mais um dia, vamos a isso, é segunda-feira. Até os como!!!

Entro na sala. Todas as cabeças se voltam quando tropeço na pega da minha própria mala.

Mortal encarpado e meia pirueta, gritinho de menina e agarro-me desesperadamente à planta que, pobre, não esperava tamanha agressividade numa pacífica manhã de Segunda-Feira.

Cenário 10 segundos depois de eu entrar na sala: um badocha caído no chão, terra de vaso na cara, punhos fechados segurando um par de folhas verdes que arranquei da planta.

Cereja no topo do bolo: estava 45 minutos atrasado. A reunião tinha começado às 09:00 e eu não sabia.

Cereja no topo da cereja: como fiquei com os pés para cima, toda a gente (inclusive eu) se apercebeu que tenho calçadas uma meia preta e outra bordeaux.

domingo, 16 de outubro de 2016

Dois acordes e viajo

Manhã de um sábado qualquer. Ténis de corrida (cá running, qual carapuça...).
iPod, phones nos ouvidos. Shuffle nas músicas. Deixo que a tecnologia me surpreenda.

Primeira música a tocar aos meus ouvidos:


Os meus pés pisavam chão em Espanha, a minha cabeça viajou para a Bélgica, os meus olhos viajaram com o pensamento.
Um sorriso desenhou-se na minha cabeça, outro na minha boca.

Último dia que lá vivi: Lotte foi uma rapariga que conheci uns meses antes de me mudar. Amante de música soul, tal como eu.
E ainda mais raro: uma Belga amante de fado, principalmente Amália e Mariza. Amante do que é bom, tivemos um affair, acabámos amantes um do outro.
Ambos solteiros, eu não queria compromissos e ela só queria alguém que a entendesse.

Deixei o meu apartamento com duas malas de roupa para viajar aos Estados Unidos. Quando regressasse dos Estados Unidos já todos os meus pertences estariam retirados do meu apartamento na Bélgica e mudados ao meu novo apartamento noutro país. Uma empresa especializada encarregar-se-ia disso.

Lotte esperava-me à porta do meu apartamento. Não me deixava partir sem que fossemos a sua casa, acendêssemos as velas de sândalo e, com boa música, nos conectássemos uma última vez. Conhecemo-nos pela música e pela música nos conectámos.

O meu motorista só me esperava às 20:00 para me levar ao aeroporto. Aproveitei as 3 horas que tinha com a Lotte que, de tão intensas, pareceram não mais de 3 minutos
.
Última música que tocou antes de eu partir para sempre daquele famigerado país: a mesma que me surpreendeu pela manhã e me fez querer correr ainda mais rápido.
Aquela que ao fim de dois acordes me levou à Bélgica e me colocou diante de uma pessoa tão especial, com um sorriso inocente e sincero, uns cabelos loiros arranjados de forma despreocupada... um cheiro tão característico!

Ainda hoje falo com a Lotte, ocasionalmente. Já estive algumas vezes na Bélgica mas nunca lhe disse que lá estava.

Por vezes é melhor deixar as coisas no melhor plano em que poderiam ter ficado.

sexta-feira, 14 de outubro de 2016

Gaiooooola das loucaaaaaas (I)

Ora então inauguramos mais uma rubrica neste pardieiro a que gosto de chamar blog.

É simples: no mundo dos encontros a primeira impressão "vende" muito.
Há boas primeiras impressões e depois há as que encaixam perfeitamente na Gaiooooola das loucaaaaas!

Vamos então, à primeira impressão, tentar adivinhar a que se dedica a pessoa que se depara na nossa frente numa APP de encontros...

Primeira louca a sair na rubrica:



Nome: Popota Espanhola
Ocupação: era bailarina exótica mas nos últimos 10 anos dedicou-se à compactação de viaturas dadas para abate
Localidade: mundo fantástico do Continente - também já foi vista pela Gafanha da Nazaré na altura das monções
Maior qualidade: é amiga do seu amigo - principalmente se o amigo tiver livre trânsito para o buffet do Tromba Rija
Maior defeito: desafina a cantar
Sonha um dia: conhecer a Fanny para a aniquilar de vez e ficar para sempre com o monopólio de roulottes de farturas na Suíça



Vamos a votos: terei deslizado para a esquerda ou para a direita?

quinta-feira, 13 de outubro de 2016

Dos legados...

Há tempos vi um filme sobre alguém que perdeu o avô. Não me recordo do filme mas sim da mensagem que me tocou tanto...

Após a morte do senhor, o neto procurou viver a vida de acordo com os valores que o avô lhe tinha passado. Uma forma de honrar a sua memória e ao mesmo tempo de o manter vivo dentro de si, como se ao fazer o que o avô tanto prezava, ele nunca morresse. 

E foi aqui que cheguei: quando nos morre alguém querido, repetimos os valores desta pessoa - normalmente por um período de tempo antes de voltarmos aos "velhos hábitos". Usa-se amiúde a expressão "fulana gostava disto, fulano não ia querer isso..."
Se a pessoa for realmente relevante estes valores não se perdem e passam de geração em geração... 

E de repente, mais um pensamento: qual seria o meu legado se, a despeito da triste sorte, morresse já hoje? 
Que valores terei transmitido aos meus, se é que transmiti alguns? 
Como honrariam eles a minha vida? 
Que memórias guardaria cada um deles?  
Seria a minha "marca" relevante ao ponto de os transformar? Perduraria ou desvanecia ao fim de uns meses?
Qual será o melhor legado que, quando Deus queira, lhes posso deixar?



terça-feira, 11 de outubro de 2016

Considerações Corporate (V)

O Vice-Presidente de estratégia da empresa onde trabalho passou dois dias a pedir que façamos uma mudança no shift...

quinta-feira, 6 de outubro de 2016

Este é um post aborrecido!

Na educação que me deram, um dos principais valores que aprendi foi o da honestidade.
Quem somos se não formos honestos? Honestos com os outros e principalmente honestos connosco.

Esse é um valor que cada vez mais se perde. Perde-se o valor e perde valor quem tem esse valor.

Explico:
Ser honesto com o que sentimos, expressar emoções que temos para com os outros - deixa-nos numa posição vulnerável.
Ser honesto no emprego, para com o chefe ou colegas de profissão - deixa-nos à mercê de gente maquiavélica, manipuladora e que utiliza mais tarde a nossa honestidade para levar a taça para casa num mundo cada vez mais competitivo.
Ser honesto na escola, falar abertamente das nossas dificuldades - deixa-nos alvo de chacota.
Podia continuar com mais exemplos mas três foi a conta que Deus fez...

Cada vez menos são hipóteses de sermos fieis a nós mesmos e transparecer a nossa honestidade perante o mundo exterior. Resta a honestidade no seio da família e tentar não perder os valores que nos foram impressos por aqueles que nos querem bem...

Ao ser honesto, fico quase sempre a perder. Antigamente ainda tinha o consolo de saber que era fiel a mim mesmo, valores, yada yada... agora questiono amiúde isso mesmo. Será que vale a pena ser honesto?

Quero continuar a acreditar que sim. Quero mesmo sentir que ser honesto vai continuar a ser o caminho e será a mesma honestidade a mostrar-me o caminho.

Serei honesto ao coração. Serei honesto aos que dependem de mim. Serei honesto aos que confiam em mim.


E é esta a música que me define ao dia de hoje. Amanhã logo se verá...