terça-feira, 24 de outubro de 2017

Terapia de exposição (post explícito)

Sobem ambos as escadas, um pouco ébrios. 

Eva, após alguns encontros e meses sem sexo, precisava de sentir o prazer carnal, o prazer do contacto físico com um homem. Mais importante, após uma sucessão de relações falhadas, precisava de sentir que ainda conseguia sentir algo. Que era capaz de seduzir e ter prazer. 

David, o fuck-boy com quem Eva se cruzou no Tinder, subia as escadas a seu lado, preparado para a tomar nos seus braços e fazer aquilo que mais gosta de fazer: sexo. 

Chave na porta, beijos prolongados. A barba dele, os olhos expressivos e a inteligência de quem estuda direito seduzem Eva. Amassos no hall de entrada deste T1 que apesar de pequeno é acolhedor. Neste T1 donde escrevo hoje e que chamo lar, pois vivemos juntos ja há uns meses. 

O desejo tomou conta de Eva. Mal podia esperar por tirar a roupa a David, sentir-lhe o corpo trabalhado de horas diárias passadas no ginásio. Dirigiram-se ao quarto, Eva tira-lhe a camisola e sente os músculos definidos dos braços. Passa-lhe a mão pelo peito tonificado e barriga lisa e desabotoa-lhe as calças. 

David beija-a sofregamente. Sente-lhe os peitos voluptuosos e sente a respiração ofegante de Eva no seu pescoço. Mil beijos molhados, as mãos de ambos a sentir a pele nua um do outro e a luxúria a tomar conta de ambos. 

Deitados na cama, David tira os boxers. O pénis de tamanho acima da média agrada a Eva... 
Ela tira as cuecas vestidas especialmente para a ocasião, agarra-o com desejo e deita-se de costas. 

David coloca um preservativo no seu pénis erecto e rijo e, deitando-se por cima de Eva, penetra-a. Sente o calor entre as suas coxas. Delira com a forma como Eva se entrega e mexe as ancas ainda que esteja por baixo. 

Eva vibra com o tamanho dele, a posição de missionário serve perfeitamente pois o que quer é f#der, f#der até não aguentar mais. São demasiados meses e David foi a melhor escolha entre muitos encontros falhados e Eva está há bastantes meses sem sexo. 

David continua na posição de missionário. O seu corpo tonificado em cima de Eva, que está delirante. Arranha-lhe as costas, passa as mãos pelos braços musculados dele bem tonificados e duros.

Eva tem um longo e delicioso orgasmo, a necessidade carnal era tanta que não aguentou muito. David não está particularmente excitado. Sai de cima de Eva, beijam-se e adormecem agarrados. David não teve nenhum orgasmo. 

Acordam no dia seguinte. Eva nos braços de David, aliviada por ter quebrado o jejum carnal e ao mesmo tempo excitada. Quer mais. 

Outra sucessão de beijos e amassos. Mais toque físico. David sente-lhe os peitos túrgidos e a vagina molhada. Toca-a apaixonadamente, fica erecto e começa a roçar o corpo dele nela. Eva entrega-se ao prazer e volta a sentir-lhe o pénis rijo. 

David coloca outro preservativo e coloca-se em cima dela, penetra-a apaixonadamente, é o que ela mais precisa. As ancas dele num movimento rítmico deixam Eva louca de prazer. Mãos a percorrer-lhe o corpo nú, o rabo rijo e bem definido, o pénis dele a penetrá-la com luxúria e a fazê-la delirar de prazer. 

Eva não aguenta mais e tem mais um orgasmo poderoso. Que saudades tinha de sentir um homem dentro dela, que saudades de se sentir desejada, penetrada, possuída. 

David uma vez mais não atinge o orgasmo. A sua mente divaga entre suplementos alimentares, proteína, dieta de corte e ter que regressar ao ginásio. 

Abraçam-se, conversam e David sai. Eva fica só, relaxada e aliviada. Sabe que David nunca será homem para ter uma relação, provavelmente não ouvirá nada dele nas próximas semanas até, mas neste momento era o que Eva precisava e não podia estar mais feliz. 


Estas são as imagens que me passam na cabeça constantemente. Antes de adormecer com Eva nos braços e assim que acordo, com Eva nos braços. 
Com este nível de detalhe, porque os pensamentos obsessivos exigem detalhe, que se saiba mais!
Porque lhe perguntei muito do que aconteceu naquela noite invadindo uma privacidade que é dela e eu não tinha o direito de invadir.
Perguntas às quais Eva respondeu, magoada, por amor que me tem e por medo de me perder.

Isto aconteceu no dia seguinte ao meu primeiro encontro com Eva. Aconteceu num contexto em que eu não conhecia sequer Eva e apenas tínhamos jantado e bebido um copo, nada mais.

Não a condeno, nem julgo. O que aconteceu antes da nossa data de namoro é algo que não está no meu contexto e que é perfeitamente natural. Eva teve parceiros sexuais antes de mim, como eu também tive bastantes, episódios de luxúria, romance, desejo, tudo.

Nem sequer penso nos anteriores relacionamentos de Eva, apenas neste. Neste David que por alguma razão me ficou marcado na cabeça, desencadeando todas as minhas inseguranças e um trauma que eu pensei já ter ultrapassado, pois está no passado.

É uma barbaridade emocional viver com estes pensamentos, flashes na minha cabeça que teimam em não desaparecer e aos quais tenho que tirar importância, pois consomem toda a minha energia e bem estar. Tiram-me o sorriso dos lábios e o brilho dos olhos.
Gelam-me as mãos ao ponto de doer, aperta-se o peito com medo deste pensamento "ladrão" que vai tirar-me tudo.
São pensamentos tão retorcidos que até surgem quando estamos a fazer amor. Ao ponto de eu sentir excitação sexual ao pensar nisto.

Eva é a mulher que amo. Eva sabe tudo o que me vai na alma e aguenta esta tormenta ao meu lado, como alguém que ama o deve fazer. Como eu o faria se fosse ao contrário. Eva está magoada, pois sabe que sangro por dentro, mas não arreda pé.
Eva tranquiliza-me sempre que entro em crise. Ela foi honesta em tudo o que me disse: que David não tinha tecnica, ele nem conseguiu um orgasmo nas vezes que esteve dentro dela e ela conseguiu porque não tinha sexo há muitos meses.
O pénis dele é do mesmo tamanho que o meu, nem maior nem mais pequeno, mas ele não sabia como agradar a uma mulher na cama. O corpo tonificado não a seduz, prefere o meu dadbod.
Algo que Eva me diz também é que desde a nossa primeira vez, dei 10 a zero a David. Ela não tem motivos para me mentir pois eu não a condeno, como já disse.

Para mim, deixá-la está fora de questão: esta é a mulher que eu quero ao meu lado e eu não desisto do amor, nunca desisti.

Dizem que tudo o que vale a pena, custa. Bem, isto certamente valerá a pena, pois custar, custa muito.

Escrevi este texto sem sentir os dedos de tão gelados que estão. Escrevi este texto porque precisarei de o reler vezes e vezes sem conta até que os flashes na minha cabeça se tornem banais, repetitivos e aborrecidos. Até que eu processe estas imagens como uma pessoa normal o faria e consigamos ter estabilidade na relação outra vez.

Escrevi este texto porque acredito no amor.
Esta é a música que me inspira neste momento, das minhas raízes, uma música tão antiga que adoro e nos mostra que todos os dias temos que nos levantar, ir buscar forças e dizer "é mais um dia":


Não procuro protagonismo nem palavras de conforto. Procuro alívio, antes que enlouqueça de vez. 



6 comentários:

  1. Dizes que não pensas nos anteriores relacionamentos de Eva, apenas nesse. Talvez por ter sido a seguir ao vosso primeiro encontro. E apesar de só terem jantado e não namorarem na altura, o facto do episódio com o David ter sido posterior ao vosso encontro, acaba por te despertar inseguranças.

    Esses pensamentos constantes são uma tormenta impossível de suportar e causarão danos. Aliás, já estão a causar, pois tu próprio afirmas que consomem toda a tua energia e bem estar, tiram-te o sorriso dos lábios e o brilho dos olhos.
    Tens medo que esse pensamento "ladrão" te tire tudo. Pode não levar-te tudo, mas tem-te roubado o presente com a Eva, o momento, o agora.

    Não sou terapeuta, por isso posso estar errada no que escrevo, mas receio que o modo como estás a tentar combater esses pensamentos, expondo-te a eles constante e sistematicamente, não seja o adequado e te esgote e leve à exaustão. Quem é lutador, como tu, não desiste. Mas às vezes a batalha é tão avassaladora e desumana que esgota todas as forças e energia.
    Crês que ao focares-te muito nesses pensamentos então conseguirás que se tornem banais e percam força mas, como tu mesmo escreveste, levam um bocado da tua força com eles a cada vez.

    Não sei há quanto tempo te debates com esses pensamentos. Mas provavelmente há tempo suficiente para perceberes se a estratégia que tens usado está a ter algum resultado positivo ou não.
    Tenta fazer este exercício: pára um pouco e analisa se o foco nesses pensamentos te tem ajudado a minimizá-los e a tirar-lhes importância. Se a resposta for não, o caminho terá que ser outro. Como esses pensamentos não irão desaparecer de um dia para o outro, o desafio é tentares desvalorizá-los quando surgirem. Experimenta, pelo menos 1 dia, não desenvolver todas essas ideias à volta do que se passou com o David. O objectivo é mentalizares-te que nem ele nem a situação foram importantes, precisamente para que esses pensamentos também deixem de ter importância, deixem de te perseguir e de ocupar a tua mente.

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    1. Obrigado :)
      Bem sei o quão devastadores são estes pensamentos. Na realidade, são marcas de um passado que apesar de estar resolvido, deixou a sua cicatriz latente e, tal como um acidente deixa mazelas que de vez em quando doem, assim são as cicatrizes emocionais do meu passado.
      A lógica não funciona nestes casos, nem o chamado "mindfullness".
      Nos casos de Pure-O funciona a terapia comportamental e a exposição aos pensamentos: o enfrentar os medos mais profundos. É nesse processo que estou actualmente.

      É reconfortante ler as tuas palavras e ainda mais saber que dedicaste algum do teu tempo a escrevê-las. Não estou só nesta batalha e isso é bom :)

      Beijinhos, Anónimo(a)

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  2. Subscrevo inteiramente o comentário acima. Tu estás a sofrer por antecipação, sofres por temer algo que o mais provável é que nunca venha a acontecer e com isso estás a desperdiçar o prazer de viver cada momento com a Eva, acabas por estar numa relação da qual não tiras o melhor que ela tem para te dar. Relaxa e aproveita ;))))

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    1. Obrigado Quarentona,,, bem o sei... bem o sei :)
      Sou um homem que dá tudo o que tem a todos os níveis: profissional, pessoal e amoroso.

      Isso acarreta muitos riscos pois quando se perde também se perde tudo... Por ter voltado a investir numa relação estável e mais uma vez querer dar tudo é que me estou a tentar melhorar. Seria muito mais fácil voltar as costas
      a tudo e "varrer para debaixo do tapete" o lixo emocional que tenho.

      Tal como uma criança faz birra no supermercado, assim a minha mente está a fazer birra para me impedir de ser feliz. Esta auto-sabotagem terá um fim, acredito e eu sairei vitorioso!

      Beijinhos :)

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  3. Nada do que disserem pode atenuar o que é sentido. Suspeito que apenas quando um pequeno pormenor ridículo invadir a imagem toda - o buraco nas cuecas de David, o barulho da urina da manhã...-, é que tudo caminhará no sentido certo. Se tal não acontecer, meu caro, perde-a.inexoravelmente.

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    1. De acordo... daí a diferença entre o racional e o emocional que a razão teima em dizer que é mais válida e a emoção não a ouve!
      Um abraço :)

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